terça-feira, 19 de junho de 2012

SUOR

Uma gota de suor espesso que desliza pelo poro que se abre gentilmente, para deixar escorrer a quase inconseqüência de uma noite que se repete na noite seguinte, e na manhã depois.

Suor intenso de um amor bruto. Ela gostava assim. Forte, apertado nas falanges e deliciosamente obsceno. Molhado pelo mesmo suor que banhava a cama nos dias que ela aparecia de surpresa mandando. Então abre a porta.


Trilha sonora. A música transitava na espinha. Dava para sentir cada nota sempre que o bico da língua passeava bem devagar pelas costas do pescoço. Umedecia. Sai da garoa e vem prá chuva comigo. Contou um conto em uma frase de sofá, e ele foi embora com a história inteira para escrever depois aos bocados e mordiscos.


Resumo complexo de alguns dias onde muita coisa acontecia. Não cabia numa página só. Tinha que escrever pelas paredes já que ela dava poesia para isso. Poesia para ser usada inteira. De ponta em ponta, de pernas nos ombros, e um dia de terno e gravata.

Saíram de lado a lado, ela para um vértice da bússola e ele para a outro, dois juntos neles mesmos sem perder a identidade, com uma vírgula plantada na cabeça, para nunca mais esquecerem das gotas de suor que deslizam gentilmente para se deixar escorrer na quase inconseqüência de alguns dias.

sábado, 9 de junho de 2012

ADMIRO REESCRITO

Admiro o que tem dentro da sua cabeça, mas admiro mais o que não tem. Olho seu raciocínio, sua inteligência e sua transparência de sobrancelha na sobrancelha. Mas não posso desdizer que primeiro admirei suas coxas grossas e bem torneadas que flutuam desenhando contornos arredondados de mulher com sabor. Admiro seus seios esboçados no biquíni que me abraçam com os bicos quando eu escorrego as mãos por sua cintura com gosto de mar. Admiro sua sagacidade, complexidade e riqueza de raciocínio capaz de fazer piadas freqüentes que miram sem nenhum pudor personagens marginais da nossa história. Contemplo seus conhecimentos e princípios, além de admirar a silhueta da sua sombra que dança contra o sol que rola para afundar num colchão de nuvens tenras, no ritmo delicioso do seu caminhar. Adoro suas filosofias intricadas e as de botequim, e principalmente aquelas que falam de mãos, bocas, toques, seduções e volúpias. Dedos, línguas e pêlos. Venero sua forma de lidar com adversidades, suas forças e fraquezas, que a concebem cada instante única e imprecisa. Contemplo seus olhos quentes, quase perversos, e a visão que eles ofertam para dentro das partes mais gostosas do seu corpo, flutuando com as pontas dos dedos as tuas curvas, que ficam cada vez mais arrepiantes, quando o vento das minhas palmas voa pela janela correta. Adoro seu abraço colado de corpo e o toque quente da sua pele eriçada na minha. Admiro você inteira, de ponta a ponta, de um rim a outro, exatamente como você é, assim, desse jeito.