terça-feira, 7 de maio de 2013

DORMIR DE PELE

Foto - Man Ray
Todas as minhas vontades de você se resumem numa única palavra de quatro letras. Bati na porta da sua vida e ela atendeu de olhos nus. Entrou e ficou, sem se preocupar se alguém mais iria chegar. A culpa de todos os meus pecados mais baixos foi do seu corpo recheado do divino, e assim desisti de fugir da sua certeza que eu volto, sempre que a sua boca me pede, vem?

Quero desenhar nossa biografia nas ondas dos seus pêlos com a umidade sedenta dos meus lábios. Escorrer que nem vela acesa as gotas quentes de uma noite só. Saudade dos teus olhos devassos debaixo dos meus e dos seus dedos passeando meu corpo. Tudo que eu queria pedir era poder ser mais possessivo, colocar você no meu nome, e na minha pele que não deixa de querer, o que o medo de debaixo do ombro esquerdo deixa.

Meu lado canalha queria te ver só mais uma vez porque minha ansiedade de você termina na ponta dos lábios entreabertos de cobiça. Tara, fascínio, atração. Gosto de saliva entre duas coxas perdidas em arrepios nas costas da goela. Vontade de pele com pele de você. Vontades sórdidas, de dias intensos, de talvez uma vida inteira de nós dois.

Na hora não soube. Sozinho, com o que sobrou de você no colchão, descobri seu perfume novo meu. Eu gosto mais da minha cama coberta e ocupada de você quando quero escrever suas curvas na palma da minha língua todos os nossos dias, ouvindo seus gemidos de morri, para acordar você comigo num sorriso saciado. História sem fim, até o fim.