sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

GULA

Foto - David Lachapelle
Teu beijo foi o meu melhor começo, meio e fim. Precisava de aditivos todos os dias para esquecer o que cansou de lembrar. Lutava para aprender a desprender. Minha cabeça chora diariamente as lágrimas que meus olhos perderam e revive para mim as vontades de nós dois na ponta dos teus dedos molhados de lembrança. Perco o ar nesse mar de você, escorrido no corpo da minha cama.

Desejo recorrente. Você acabou de sair, e eu já escrevi mais de mil letras para te contar a minha gula. Desejo insaciável, além do necessário. Pecado divino. Vontade repetida é vício, e todos os meus vícios dormem nas minhas tentativas burras de não conseguir deslembrar de você.

Memorar da tua pele desfilando a minha no presente do indicativo. Saudade dos teus olhos sorrindo devassidão para dois. Não é saudade, é desespero de desviver memória. Me varri de você e senti estranho no peito ao deitar na cama virgem, sem memória de nós par. Precisava plantar mais. As letras a lápis nos teus olhos continuam recorrentes do meu papel e teu cheiro continua incrustado na memória de cerrar cílios.

Seu gosto doce no dedo da minha boca. Mel do seu deleite. Tara, cobiça, anseio, aspiração, desejo, tentação, expiração. Sopro ofegoso e um grito suado. Entrega para repetir história. Mais, novamente, outra vez. Luxúria. Desejo passional instintivo por todo prazer sensual. Perversidade atendida para matar meu desejo perene. Eu não quero muito além, só te quero sempre, de volta todo dia, no permanente do meu mundo.