terça-feira, 7 de maio de 2013

DORMIR DE PELE

Foto - Man Ray
Todas as minhas vontades de você se resumem numa única palavra de quatro letras. Bati na porta da sua vida e ela atendeu de olhos nus. Entrou e ficou, sem se preocupar se alguém mais iria chegar. A culpa de todos os meus pecados mais baixos foi do seu corpo recheado do divino, e assim desisti de fugir da sua certeza que eu volto, sempre que a sua boca me pede, vem?

Quero desenhar nossa biografia nas ondas dos seus pêlos com a umidade sedenta dos meus lábios. Escorrer que nem vela acesa as gotas quentes de uma noite só. Saudade dos teus olhos devassos debaixo dos meus e dos seus dedos passeando meu corpo. Tudo que eu queria pedir era poder ser mais possessivo, colocar você no meu nome, e na minha pele que não deixa de querer, o que o medo de debaixo do ombro esquerdo deixa.

Meu lado canalha queria te ver só mais uma vez porque minha ansiedade de você termina na ponta dos lábios entreabertos de cobiça. Tara, fascínio, atração. Gosto de saliva entre duas coxas perdidas em arrepios nas costas da goela. Vontade de pele com pele de você. Vontades sórdidas, de dias intensos, de talvez uma vida inteira de nós dois.

Na hora não soube. Sozinho, com o que sobrou de você no colchão, descobri seu perfume novo meu. Eu gosto mais da minha cama coberta e ocupada de você quando quero escrever suas curvas na palma da minha língua todos os nossos dias, ouvindo seus gemidos de morri, para acordar você comigo num sorriso saciado. História sem fim, até o fim.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

GULA

Foto - David Lachapelle
Teu beijo foi o meu melhor começo, meio e fim. Precisava de aditivos todos os dias para esquecer o que cansou de lembrar. Lutava para aprender a desprender. Minha cabeça chora diariamente as lágrimas que meus olhos perderam e revive para mim as vontades de nós dois na ponta dos teus dedos molhados de lembrança. Perco o ar nesse mar de você, escorrido no corpo da minha cama.

Desejo recorrente. Você acabou de sair, e eu já escrevi mais de mil letras para te contar a minha gula. Desejo insaciável, além do necessário. Pecado divino. Vontade repetida é vício, e todos os meus vícios dormem nas minhas tentativas burras de não conseguir deslembrar de você.

Memorar da tua pele desfilando a minha no presente do indicativo. Saudade dos teus olhos sorrindo devassidão para dois. Não é saudade, é desespero de desviver memória. Me varri de você e senti estranho no peito ao deitar na cama virgem, sem memória de nós par. Precisava plantar mais. As letras a lápis nos teus olhos continuam recorrentes do meu papel e teu cheiro continua incrustado na memória de cerrar cílios.

Seu gosto doce no dedo da minha boca. Mel do seu deleite. Tara, cobiça, anseio, aspiração, desejo, tentação, expiração. Sopro ofegoso e um grito suado. Entrega para repetir história. Mais, novamente, outra vez. Luxúria. Desejo passional instintivo por todo prazer sensual. Perversidade atendida para matar meu desejo perene. Eu não quero muito além, só te quero sempre, de volta todo dia, no permanente do meu mundo.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

GOSTO DO ESTALO

Foto - Araki Nobuyoshi
Deita de pele na minha cama, e deixa eu passear no seu corpo arrepiado da primeira pessoa do singular, porque todas as minhas insanidades nasceram das loucuras da sua nudez alagada. Vontade de você desmaiando em mim por um segundo, urrando gemidos até o momento em que eu roubar completamente seus sons.

O resumo de todos os meus desejos impuros esta estampado na história do seu quarto, e no desespero do cheiro guardei minha toalha e usei a que foi sua para espalhar no corpo um pouco de dois. Anseio da alma e da boca que já foram minhas para sempre. Buraco de você na minha cama. Saudade de perder o fôlego de afogar em você.

A imaginação ofega fundo sempre que eu me vejo vestindo você, amarrada de pernas na minha cintura, afinal, em todas as manhãs, o que me coube melhor na boca foram as suas coxas na palma das mãos. Não lembrava do tapa, lembrava só do gosto do estalo. Saliva sua vontade para que eu possa viver banhado do sabor intenso de um par.

Escondo todos os desejos de você nas entrelinhas sórdidas do papel úmido e rasgo o incomodo do peito com as letras da tortura de nos ver sucumbir. Não poder guardar. Posse, detenção, monopólio, domínio. Pronome possessivo flexionado em gênero e número. Meu. Minha. Não é ciúme, é falta de preparo físico egoísta de dividir você com a história que eu não quero dialogada em monólogo de reflexo. Arrependimento é não te tentar de mim. Vem?