quinta-feira, 17 de novembro de 2011

RITALINA E CHOCOLATE

O ar tinha cheiro de ritalina e chocolate, pesado e deliciosamente doce, quase viciante. Era uma atmosfera antagônica, cheia de figuras diametralmente opostas, todas quase do mesmo tamanho. Duas janelas em formato elíptico refletiam uma luz âmbar que traziam paz, calma, alegria, hipnotismo, mas que tinham certa dificuldade de alcançar o fundo escuro, e de alguma forma refletiam imagens aleatórias, projetadas do lado avesso. Palavras voavam alucinadamente pelo teto em cúpula que parecia pulsar enquanto cuspia relâmpagos de todos os tamanhos. Medo, alucinação, frustração, sexo, insegurança, tara, amor, trepar, carinho, trabalho, receio, temor, segurança, paz, libido, tinta, papel, formas, dinheiro, copo, corpo, morrer, orgasmos, múltiplos. Das laterais da sala redonda ecoavam gritos ocos, esquizofrênicos, gemidos de prazer, tesão nítido, gozo. A força dos relâmpagos aumentou tão desproporcionalmente que não era possível enxergar por causa da claridade intensa. As janelas estavam fechadas. Meu nome vibrou tremulo em gemido ofegante. Arrepio. A paz se instalou e os relâmpagos mudaram de cor para um tom azulado. Silencio. Eu precisava sair correndo da sua cabeça, para que você pudesse sair da minha.

5 comentários:

  1. O que chama atenção, primeiro, é o titulo. Quase doce, mais tudo é muito vivo e real - creio que fique no meio amargo - ótimo post!

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  2. Boa madrugada poeta!
    Vida real!!! Sonhos e fantasias. Loucuras, pensamentos e devaneios.
    Bom te ler!
    BeiJaness no coração.
    Jane Di Lello.

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  3. Seu texto é composto de sinceridade e concentração formidavelmente intensa de palavras!!!
    Me identifiquei bastante com ele.
    Estou simplesmente impressionado!
    Gostei tanto do blog que favoritei!
    Abraços Marcelo!
    Fique com Deus!

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  4. Cara... você tem o dom da escrita!
    O que mais dá vida é a imagem nada "azul" capturada pela objetiva da sua igualmente objetiva F.O.T.Ó.G.R.A.F.A.

    E eu tenho que sofrer com o lastimável dissabor de saber que muitos lerão, mas nunca compreenderão. Não porque o texto é complexo. O fato é que a preguiça de muitos, traz a ausência da graça para quase todos!

    Bela imagem, Nanda! Belo texto, Cello!

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