quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

TAPA NA CARA

Ele levantou a mão e baixou com força, batendo de lado. Ouviu-se até um estalo . O som oco dava certeza que alguma coisa tinha quebrado. Foi uma bela porrada. Uma das pessoas que estavam em volta, espantado e quase entusiasmado disse:

- Nossa! Deu na cara dela! 

Ela do lado de lá não deixou por menos. Levantou a mão com ferocidade e usou o braço como alavanca num movimento semi circular. Acertou em cheio. Aquela coisa branca e redonda que estava vindo na direção dela voltou para onde estava.

Por uma fração de segundo ele ficou espantado. Como ela poderia ter revidado? Devolvido? Como ela tinha feito aquilo depois da pancada que ele tinha descido. Era mesmo de causar perturbação. Mas não era hora de parar por ali. Ele tinha que bater mais forte, e assim fez. Silêncio no público. Espanto geral com a violência. Susto.

Friamente ela acompanhou o movimento de cada músculo, a trajetória da mão se aproximando. A força, a raiva. As veias do antebraço vascularizadas, saltadas pela pressão do sangue. Mas para surpresa de todos, do jeito que ela recebeu aquele coice, ela devolveu com mais força, com mais raiva, com mais intensidade. Com os dentes cerrados e fazendo um esforço supremo, como talvez jamais tivesse feito na vida.

Acertou em cheio, e o silêncio foi ainda mais sepulcral. O que estava acontecendo ali era um absurdo. Uma disputa sem sentido.

Eis que a bolinha acerta a quina, e respinga de uma forma impossível de rebater. O público em volta da mesa formado unicamente pelos amigos do casal também não acredita. Ela tinha ganho pela primeira vez, em sete anos de casados, uma partida de pingue-pongue.

10 comentários:

  1. Jurava que era outra coisa... Que bom que era apenas uma partida de pingue-pongue. rs

    Belo post!

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  2. ufa!!! que partida kkkkk
    mas pensei o tempo todo que era uma briga, até o final surpreendente... Simplesmente EXCELENTE!!!

    Parabéns!

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  3. intensoooooooooooooo! uaal :O muito bem escrito !

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  4. O enigmático é delicioso! Parabéns.
    BeiJanes no coração de um poeta lindo.Você!!!
    Jane Di Lello.

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  5. Eu quizera, certa vez, ter jogado ping-pong... Boa, Marcelo!

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  6. Sensacional o poder de palavras bem colocadas. Invejei esse conto!

    Abço

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  7. Nanda lindona!! Adorei as ftos!! =) Seguindo o blog!

    http://thaiscavalcantemodaebeleza.blogspot.com

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