quinta-feira, 5 de abril de 2012

ESSÊNCIA DO PECADO

A essência do pecado. A história deles era a nossa história. Tesão, tara. Quem nunca sentiu? Maria Madalena. Fascínio agudo por qualquer coisa, por bundas e peitos firmes que olham para o teto. Excessos sempre justificados. Ganância por exageros. Abusos, descomedimentos. Quem nunca sentiu?

O que é bom dura pouco. Só prá quem cansa ou enjoa rápido.

Gula, preguiça, avareza, luxúria, ira, inveja e orgulho, ou vaidade? Tudo numa só presença. Sou devorador do seu corpo, mesquinho de sua companhia, adoro entrar e sair da sua alma com raiva de quem ama. Cobiço seu reflexo e tenho soberba nas entranhas pela arrogância da sua beleza que emerge seu rosto cada dia mais insensato. Pintura com biografia para quem não a conhece de perto. Encantamento, hipnose.

Impossível descrever sem sentir. Passar a mão, deslizar pele e lamber a essência do nosso deleite. Saudade mesmo quando você está uma parede acima, uma cozinha abaixo ou apenas um pé do lado. Necessidade de presença permanente e toque em dez pontos que ressaltam, arrepiam ou intumescem.

Peco você nos dedos e na mente. Vontade de ter. Quem nunca sentiu vontade de ter? Até os castos têm desejos. Mas que tipo de desejos? Quem nunca pecou por vontade? Sete em um só. Gosto. O sabor dela, ganância pela exclusividade, destempero pelo desejo alheio. Culpa?

De frente para o espelho, quero seus cabelos nas mãos e seu nome na ponta da língua para dizer no pé do seu pescoço, que essa, é a essência do pecado.

Um comentário:

  1. Estou sendo repetitiva... Mesmo assim, não canso de dizer, que ler você é algo indescritível...
    Viajo em tuas palavras, em tuas frases, em tuas ideias...
    Parabéns, Marcello! De verdade!
    Tenho certeza, que breve o mundo, conhecer-te-á...
    Aliás, tens algum livro editado? Quando tereis esse privilégio?
    Um abraço!

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