*foto by Lua |
A natureza estava nua. Despida de pudores e coberturas, com os seios à mostra apontando na direção do prazer eriçado de bicos que ardiam contraídos em pedra. Sufocou com a inspiração invadindo sua boca e envolvendo seu corpo em pele e dedos úmidos nas piscinas de uma ilha mais que bela. Adão e Eva nas terras de Oxossi. Estavam sós como no princípio.
Ondas de excitação, entusiasmo, vigor e melado. Como espectadores dois pares de olhares numa só direção. Morderam-se. Engraçado terem demorado tanto tempo. Imaginação, desejos, tara e vontades. Era difícil entender o que viam através das pupilas. Queriam enxergar para dentro e
Ondas de excitação, entusiasmo, vigor e melado. Como espectadores dois pares de olhares numa só direção. Morderam-se. Engraçado terem demorado tanto tempo. Imaginação, desejos, tara e vontades. Era difícil entender o que viam através das pupilas. Queriam enxergar para dentro e
acharem-se depois de muito chão.
Cataram poesia de rainhas e sorriram momentos em que as palavras sobravam. Vontade de pegar, apertar e rasgar até escorrer seiva da árvore dos frutos que alimentam a fome. Acharam sem procurar e sentiam sem querer, mas queriam. Entorpeceram.
Nasceram de novo no caminho do sol partindo para dormir nas águas do mar. O universo de dois era muito mais. Não queriam ser um só. Inventaram novas estradas e perderam-se nos caminhos que os traziam de volta.
Ele ingressou naquele estado mental onde o homem aguça os ouvidos para começar a enxergar com o coração. Ela lapidou a boca para morder a consciência, e assim puderam se encontrar no meio do caminho, deixando guardada para eles a natureza nua, que talvez tenha sido apenas mais um paraíso.
Cataram poesia de rainhas e sorriram momentos em que as palavras sobravam. Vontade de pegar, apertar e rasgar até escorrer seiva da árvore dos frutos que alimentam a fome. Acharam sem procurar e sentiam sem querer, mas queriam. Entorpeceram.
Nasceram de novo no caminho do sol partindo para dormir nas águas do mar. O universo de dois era muito mais. Não queriam ser um só. Inventaram novas estradas e perderam-se nos caminhos que os traziam de volta.
Ele ingressou naquele estado mental onde o homem aguça os ouvidos para começar a enxergar com o coração. Ela lapidou a boca para morder a consciência, e assim puderam se encontrar no meio do caminho, deixando guardada para eles a natureza nua, que talvez tenha sido apenas mais um paraíso.
Lindo conto, Marcello!
ResponderExcluirErótico, sem flanar para o vulgar. Exatamente como gosto: pontuado por metáforas que suscitam o prazer em meio à natureza selvagem, virgem, intocada. Um convite à imaginação: nada está escondido e nem totalmente exposto em suas palavras. Nas entrelinhas das águas...
Fabiana,
ExcluirContinuo tentando escrever para que as pessoas sintam as letras, e ler o seu comentário só me permite agradecer... OBRIGADO!!!
Marcello que belo conto! Ingressei nessa viagem de imagens, palavras e sentidos. Voltei revigorada! Parabéns!
ResponderExcluirObrigado!!! =)
ExcluirÉ tudo mais bonito quando se pode deixar a natureza se manifestar nuamente. Parabéns, Marcelo! \o/
ResponderExcluirTudo que puro é desprovido de pudores é mto mais legal... ;) OBRIGADO!!!
ExcluirÉ muito envolvente...lindo.
ResponderExcluirValeu!!! =)
ExcluirNavegar e se embrenhar em suas palavras é sempre um prazer. A Leitura tem esta função a de nos transpor para mundos onde nunca estivemos, mas que, paradoxalmente, vive dentro de nós.
ResponderExcluirVários seres habitam esse complexo universo, que é o ser humano.
Parabéns, Marcello!